Doenças Agudas e Doenças Crónicas   (Tentativa de desmistificar alguma confusão existente sobre a forma de actuar quando tratamos doenças agudas.) Em Homeopatia doenças agudas e crónicas devem ser consideradas e analisadas duma forma distinta. É necessário saber diferenciar entre sintomas constitucionais ou crónicos e sintomas agudos. Isto é mesmo muito importante quando tratamos doenças agudas. Se nós tivermos que tratar uma doença aguda e começarmos a perguntar ao paciente questões relacionadas com a sua história médica do passado, desta forma tentando trazer à tona os seus sintomas constitucionais que podem não estar presentes nessa altura, nós vamos acabar por ficar com um caso muito confuso. O que nós precisamos perguntar ao paciente é: -- Você começou a sentir-se doente ontem. Quais são os seus sintomas desde essa altura e quais as causas que pensa que eventualmente podem ter estado na origem da sua doença? Como é que isso começou? É absolutamente necessário ignorar os sintomas constitucionais, até porque esses costumam estar bastante menos proeminentes durante a doença aguda. É sabido que a doença aguda quase sempre vem camuflar alguma doença crónica existente e o doente nessa fase quase esquece, ou esquece mesmo completamente os sintomas crónicos. Alternativamente podemos vir a descobrir que o paciente que habitualmente costumava ter muita sede, pode no momento da doença aguda apresentar-se sem sede alguma, o que difere do normal. Se pelo contrário viermos a descobrir que o paciente continua com a sua sede habitual, então esse sintoma não deve ser tomado em consideração uma vez que ele não faz parte do quadro da sua doença aguda. Quando a fase aguda está presente, devemos tratar somente os sintomas agudos e ignorar os crónicos. No entanto ocasionalmente a doença aguda pode tratar-se como que de um enfurecimento da doença crónica. Desta forma o remédio pode abranger simultaneamente a doença aguda e a crónica. Isto no entanto acontece muito raramente. Investigar demasiadamente na história do paciente só servirá para confundir o caso. Por isso primeiro devemos tratar a doença aguda e quando esta estiver completamente curada, se os sintomas crónicos estiverem visíveis, tratemos então constitucionalmente o paciente. Aqui pode ser muito útil a tabela de relacionamento dos diversos remédios. Isto porque muitas vezes o remédio crónico pode estar relacionado ou ser complementar do agudo. Belladona por exemplo complementa Calcaria Carb., Lachesis complementa Lycopodium e é bem conhecido o relacionamento existente entre Kali Carb. e Phosphorus... Algumas considerações úteis no tratamento das doenças agudas: 1) Um inicio muito rápido no aparecimento dos sintomas pode apontar para Aconite ou Belladona, enquanto que um início lento de 2 ou mais dias pode indicar Gelsemium ou Bryonia. 2) Factores causativos. Por exemplo, exposição ao sol, humidade, tipos de comida, stress emocional, indigestão, etc. 3) Uma das melhores formas de tratar doenças agudas é o de o médico se deslocar a casa do paciente. Logo que o médico entra no quarto do doente pode, graças a uma atenta observação reduzir o leque de possiveis remédios. A janela está aberta ou fechada? Está um copo de água ou chá sobre a mesa de cabeceira? O doente está completamente deitado ou apenas recostado na almofada? Os cobertores estão puxados até ao pescoço? Ou o paciente está parcialmente descoberto? Sentiu que o doente ficou contente com a sua presença junto dele? Não esquecer de investigar junto das 3 melhores fontes de informação. Segundo Kent elas são: 1 - A pessoa que está doente. 2 – A própria observação do homeopata. 3 – A enfermeira, os parentes ou familiares, ou quem está tomando conta do paciente. Quando se trata de crianças temos evidentemente que basear-nos ainda mais nas nossas observações. Primeiro temos que descobrir se a criança sente dores. Onde é a dor? Por acaso a criança está dobrando os joelhos até ao abdómen? Existe algo que melhore ou piore os seus sintomas? Se a criança chora ou grita. Onde está a criança colocando as suas mãos? Se ela for tocada em algum ponto em especial, ela grita? Em certos casos um completo diagnóstico Alopático é conveniente porque certos sintomas que aparentemente nos parecem insignificantes podem esconder casos mais graves como pneumonias ou outras infecções que necessitem de uma intervenção mais específica e rápida. Em especial quando não existe uma confiança total e absoluta nos nossos conhecimentos e nos poderes da Homeopatia. Nunca devemos esquecer as palavras de Hahnemann quando diz que a função principal do médico é curar o doente e salvar vidas. Alopatia apenas causa supressão dos sintomas à custa de protelar a doença para níveis mais profundos e quase sempre mais graves. Mas também é verdade que “enquanto o pau vai e vem, folgam as costas...” Lisboa, Portugal 31 de Janeiro de 2002 Dinis S Luis (DHom)